Dutra disse a Césare Battisti que o território brasileiro lhe pertence |
Ao Pé do Muro, de Cesare Battisti foi na Livraria Travessa, no Leblon, com o pequeno auditório lotado de intelectuais, amigos do autor e representantes da imprensa. Apesar do sucesso de público e da notoriedade do escritor, os jornais diários optaram pelo silêncio, afinal, aconteceram contendas na hora das perguntas, hora essa que foi o fim do lançamento pela fúria de Battisti ao ouvir perguntas polêmicas.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados, deputado federal maranhense Domingos Dutra, veio de Brasília para prestigiar o lançamento.
Battisti já escreveu mais de 15 romances, além de ter participado de coletâneas de contos. Ao Pé do Muro é o primeiro escrito no Brasil. O deputado Chico Alencar comparou o processo de construção da história com “Cartas do Cárcere”, de Gramsci. Depois disse que “esse livro é a certidão de nascimento de Battisti no Brasil”.
Dutra foi o coordenador do debate, que foi interrompido após perguntas polêmicas a Battisti |
De fato, foi nos quatro anos na prisão, em Brasília, convivendo com presos comuns, que o autor afirma ter aprendido a conhecer e a gostar do Brasil, “através das histórias contadas pelos prisioneiros, sobretudo nos momentos de grande saudade da terra natal, fosse o Amapá, Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Amazonas ou Pernambuco.” Para Battisti, o preso, despossuído de tudo, quando chora ou ri é com o corpo e a alma, revelando sentimentos profundos.
O deputado Domingos Dutra aproveitou a oportunidade para divulgar a campanha pela aprovação da PEC 438, que tramita há 17 anos no Congresso e deverá ser votada em maio. O projeto confisca as terras daqueles que pratica trabalho escravo, destinando-as para fins sociais.
Fato misterioso: Depois que o deputado Domingos Dutra, disse a Césare Battisti que "Você agora é um Brasileiro como nós. Esse território te pertence", uma canaleta de vidro desabou do teto, para espanto do público e para interromper os aplausos.
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