Blog do Marcial Lima - Voz e Vez: Repercussão Nacional: Praia suja faz turismo despencar em São Luís

domingo, 29 de julho de 2012

Repercussão Nacional: Praia suja faz turismo despencar em São Luís

Da Folha de São Paulo:

Esgoto sendo despejado em direção ao mar da praia da Ponta d'Areia, uma das mais movimentadas de São Luís (MA)
A ocupação dos hotéis na alta temporada em São Luís (MA) --marcada pelos festejos juninos, pelo bumba meu boi e pelas férias-- despencou neste ano. A culpa, diz o setor, é das praias sujas.

Por ordem da Justiça Federal, o Estado teve de divulgar um relatório sobre a situação das praias e instalar, em abril, placas alertando sobre a poluição. Todas as praias da cidade estão impróprias para banho devido ao esgoto, segundo monitoramento do governo.

Praias como a do Calhau, considerada uma das mais bonitas da cidade, e a da Ponta d'Areia, a mais movimentada, onde ficam os clubes de reggae, estão com o nível de coliformes fecais na água acima do considerado tolerável.

TRANSPARÊNCIA

Segundo a Promotoria do Meio Ambiente, a situação é conhecida pelo menos desde 1997, quando foram feitos estudos sobre a falta de tratamento de esgoto na ilha.

"A população não percebia a realidade porque não havia transparência", explica o promotor Fernando Barreto.

A cidade sentiu os reflexos. "O turismo e a rede hoteleira estão ameaçados. Estamos tendo que fazer cálculos mirabolantes para não demitir", diz o presidente da ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) em São Luís, João Antônio Barros Filho.

A taxa de lotação de hotéis e pousadas na cidade em junho e julho de 2011 foi de 75%. Neste ano, caiu para 53%. "É culpa das praias." As empresas associadas à ABIH têm 5.800 leitos, diz Barros Filho.

MÁ IMPRESSÃO

"No caminho do aeroporto para o hotel, o taxista me avisou de que nenhuma praia estava própria para banho", disse o turista mineiro Thiago Bernardo Pinto, 32, que visitou São Luís em junho. "Foi a primeira má impressão."

Em frente à pousada de Barros Filho, um cano despeja esgoto na praia há quatro anos. O cheiro incomoda os hóspedes, que só usam a piscina. Ele diz que alertou a Caema (companhia ambiental do Estado), sem sucesso.

A Caema, sociedade de economia mista gerida pelo Estado, explora os serviços de abastecimento e coleta e tratamento de esgoto na cidade. Segundo o site do órgão, apenas 38,6% dos moradores têm acesso à rede de coleta.

A cidade tem pouco mais de 1 milhão de habitantes.

De 1994 para cá, a Promotoria ajuizou oito ações contra o Estado e a Caema, cobrando o tratamento do esgoto.

Uma delas transitou em julgado em 2005. A Justiça ordenou que o governo parasse de lançar esgoto in natura nas bacias dos três maiores rios.

Como a ordem não foi cumprida, a Promotoria pediu à Justiça, em junho, que bloqueie as verbas de publicidade da Caema e do governo de Roseana Sarney (PMDB) para pagar R$ 22 milhões de multas.

Segundo a Promotoria, a prefeitura também é ré em parte das ações, por fazer a concessão do esgoto à Caema sem cobrar bons resultados.

OUTRO LADO

O governo do Maranhão informou, por meio de nota, que a cobertura do tratamento de esgoto na capital São Luís vai chegar a 90% em cinco anos.

"Atualmente, é de 10%, estando acima da média do Nordeste, que é de 7%", afira a nota.

De acordo com o governo estadual, a primeira etapa do programa de melhorias já teve início e deve ser concluída em 18 meses.

"Os recursos para a primeira etapa, de R$ 124 milhões, são oriundos do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] 1, com contrapartida de 20% do governo do Estado."

Já a Prefeitura de São Luís, questionada a respeito da concessão do esgoto à companhia ambiental do Estado, afirmou que criou, no ano passado, uma comissão para identificar falhas e adotar punições previstas no contrato de concessão, que poderá ser revisto.

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