Blog do Marcial Lima - Voz e Vez: Índia gasta US$ 1 bi para sanar problema da falta de privadas

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Índia gasta US$ 1 bi para sanar problema da falta de privadas


Nada de estádios grandiosos ou aeroportos. O grande programa de infraestrutura da Índia tem como objetivo construir 15 milhões de privadas por ano.

Na Índia, mais de 60% da população não tem privada. São mais de 600 milhões de pessoas que fazem suas necessidades ao ar livre, no mato, ou, quando moram em cidades, usam um cubículo na casa --limpo manualmente por pessoas de castas inferiores.

"Nosso maior desafio é tornar a Índia livre de defecação ao ar livre ", disse Jairam Ramesh, ministro do Desenvolvimento Rural da Índia. "Nossa meta é conseguir eliminar o problema em dez anos", acrescentou.

Para isso, o governo está gastando US$ 1 bilhão por ano para construir privadas e rede de esgotos e também dá US$ 200 às famílias pobres que queiram construir instalações sanitárias em suas casas.

Cerca de 400 mil crianças indianas morrem todos os anos de diarreia, consequência de falta de higiene e de esgoto. A falta de privadas é ainda questão de segurança: muitas mulheres são atacadas enquanto fazem suas necessidades no mato.

"Há muito mais conscientização hoje em dia. As mulheres não aceitam mais se casar quando a casa de seus sogros (onde a maioria vai morar) não tem privada", afirma o ministro.

As privadas nas casas pobres são diferentes das ocidentais --são um buraco no chão de louça, ligado ao encanamento, e não se usa papel higiênico, apenas água.

Com a "ofensiva das privadas", o governo quer também acabar com os chamados "manual scavengers" --indivíduos de castas mais baixas que, há séculos, se dedicam à tarefa insalubre de limpar, com uma escova, os excrementos das pessoas que não têm privada, coletar em carrinhos e jogar em lugares afastados dos vilarejos.

Em troca, recebem menos de um dólar ou um prato de comida. "Há mais templos neste país do que privadas", chegou a dizer Ramesh.

Comentando rapidamente: Este não é um problema distante de nós. Não acredita? Tente passar um "aperto" no centro de São Luís, por exemplo...