Blog do Marcial Lima - Voz e Vez: Viabilidade de refinarias ainda não foi apresentada

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Viabilidade de refinarias ainda não foi apresentada

*do Diário do Nordeste

Expira hoje mais um prazo apresentado pela Petrobras dentro de seu cronograma para a refinaria Premium II. Em maio passado, a presidente da companhia, Graças Foster, afirmou que "muito provavelmente" as usinas do Ceará e do Maranhão sairiam da fase de avaliação para a de instalação em julho deste ano.

A afirmação foi reforçada no início do mês pela assessoria de imprensa da empresa, mas, até ontem, nenhuma novidade foi anunciada. 

A estatal pretende não repetir os mesmo erros cometidos na refinaria de Pernambuco. A previsão apresentada era de que, até hoje, fosse concluída a fase de avaliação econômica do projeto revisado das refinarias. A planta cearense entrou em avaliação com o objetivo de que fossem reduzidos os seus custos, alinhando-os às métricas internacionais, para que pudesse ser garantida sua viabilidade econômica dentro do orçamento da empresa. Procurada pelo Diário do Nordeste, a empresa não deu nenhuma resposta se este estudo estaria concluído ou se haveria algum anúncio até o dia de hoje.

Recursos

De acordo com o Plano de Negócios 2013-2017 da estatal, estão reservados para aplicação entre este e os próximos quatro anos recursos de US$ 13,8 bilhões (dos US$ 236,7 bilhões totais do plano) para os projetos em avaliação de ampliação do parque de refino brasileiro: a Premium I e a II, no Maranhão e Ceará, respectivamente, e o segundo trem do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.

Quando anunciado, o projeto cearense estava orçado, sozinho, em US$ 11,1 bilhões, 80% do total de recursos reservados hoje pela empresa aos três projetos. Como, de acordo com o Plano de Negócios vigente da Petrobras, a Premium II está programada para operar em dezembro de 2017, todos os investimentos a serem aportados nela pela companhia devem estar inclusos nesses US$ 13,8 bilhões.

Daí a necessidade apontada pela Petrobras de reduzir os custos das refinarias e conseguir sócios para o seu financiamento. No caso cearense, a sul-coreana GS Energy já assinou um protocolo de intenções com a estatal para analisar a viabilidade da parceria, e já chegou a afirmar ao Governo do Estado, conforme informado com exclusividade pelo Diário do Nordeste na semana passada, que estaria disposta a participar com até 50% do capital acionário do empreendimento. Até o momento, a petrolífera brasileira não informou sobre avanços na negociação.

Exemplo de Pernambuco

Ainda no ano passado, quando anunciou o Plano de Negócios 2012-2016, a presidente do Petrobras, Graças Foster, afirmou que os erros cometidos na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, não seriam repetidos.

A data de partida do primeiro trem (módulo de refino da usina), antes programado para novembro de 2011, só sairá no mesmo mês de 2014, ou seja com três anos de atraso. A maior falha, entretanto, está no orçamento da usina pernambucana.

Quando lançado o projeto, em 2005, ele custava US$ 2,5 bilhões. Hoje, de acordo com o último orçamento previsto pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), no qual está incluso, já se projetam US$ 17,11 bilhões, isto é, quase sete vezes o valor inicial. Em auditoria realizada entre os meses de março e abril deste ano, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou uma série de falhas no projeto. Entre eles, estão indícios de Projeto Básico deficiente, falhas na estimativa de quantitativos de estacas de fundação e de estruturas metálicas, atrasos no cronograma da obra, indícios de execução deficiente no contrato de terraplenagem, entre outros.

Tantas falhas levaram à contratação de diversos aditivos, e que ainda podem gerar uma nova elevação no orçamento da refinaria de Pernambuco. São estes os erros que a presidente da estatal quer evitar nos novos projetos, incluindo o cearense.

Apesar de estar custando já bem além do que o orçamento do projeto inicial da Premium II, a refinaria Abreu e Lima terá capacidade menor de refino em relação à cearense.

A planta de Pernambuco poderá processar até 230 mil barris por dia de petróleo quando estiver totalmente pronta, enquanto que a refinaria do Ceará terá potência instalada para 300 mil barris/dia.