Blog do Marcial Lima - Voz e Vez: Uruguai venderá maconha a US$ 1 o grama já em 2014

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Uruguai venderá maconha a US$ 1 o grama já em 2014

Argentina Uruguay
Presidente do Uruguai, José Mujica
O governo do Uruguai pretende iniciar a venda de maconha em lojas controladas pelo Estado a partir do segundo semestre de 2014. O preço será fixado em torno de US$ 1 por grama (R$ 2,17, na cotação da última sexta), segundo Julio Calzada, secretário-geral da Junta Nacional de Drogas.

Calzada, que deu entrevista ao jornal uruguaio “El País”, disse que a quantidade é suficiente para elaborar “um cigarro grosso ou dois ou três mais finos”. O tempo estimado é necessário para estabelecer as plantações e para que a erva cresça até o tamanho apropriado. O secretário disse ainda que a maconha a ser vendida terá entre 5% e 12% de THC. Cada usuário que se cadastrar poderá comprar até 40 gramas por mês.

O projeto do governo uruguaio que pretende legalizar a venda da droga foi aprovado na Câmara dos Deputados em julho e aguarda votação no Senado. Como a presidência do país acredita em uma nova vitória, já trabalha para colocar o sistema em funcionamento. O objetivo da proposta é tirar o mercado dos narcotraficantes, como defendeu o presidente José Mujica em seu discurso na Assembleia Geral da ONU.

O governo pretende estabelecer um sistema de licenças para que as farmácias vendam o produto. “Esse projeto busca regular um mercado que hoje está totalmente desregulado e controlado pelo narcotráfico, um mercado opaco do qual participam anualmente cerca de 120 mil pessoas”, disse o diretor do órgão.

O cultivo para uso próprio também será liberado, caso a lei seja aprovada. Segundo Calzada, o Estado irá “oferecer um lugar seguro para comprar e um produto bom pelo mesmo preço. O mercado ilegal tem muito risco e má qualidade”.

“Hoje toda a cadeia de valor está nas mãos do narcotráfico. O estado não tem ingerência e isso permite que eles ganhem US$ 30 milhões por ano em nosso pais, dinheiro usado posteriormente para reproduzir os mecanismos vinculados ao tráfico com outras drogas e atividades criminosas.”

Calzada acrescentou que a lei “não cria um mercado” de consumo de maconha, e sim “identifica a existência deste mercado e estabelece marcos regulatórios que permitem que ele deixe de ser opaco e seja transparente, limitado, regulado e controlado pelo Estado para o benefício da sociedade.”

Ele também afirmou que o turismo para o consumo de maconha no Uruguai é uma preocupação do governo, e prometeu que as políticas adotadas não irão prejudicar outros países. Será feito um registro de usuários para que apenas os moradores do Uruguai tenham acesso à compra oficial de maconha.

Estimativas oficiais apontam que 120 mil uruguaios usam a droga. O país tem cerca de 3,4 milhões de habitantes.