Depois de um trabalho de perseguição contínua, policiais do Serviço de Inteligência da Polícia Militar (SI-PM) prenderam, no início da manhã de ontem, mais três suspeitos de participação no ataque incendiário a ônibus na Vila Sarney Filho, município de São José de Ribamar, na noite de sexta-feira (3). A PM também apreendeu outros três adolescentes, um deles reconhecido como o que jogou gasolina sobre cinco pessoas que estavam no coletivo, entre elas duas crianças irmãs, uma de 1 ano e outra de 6 anos, o que provocou, inclusive, a morte da mais velha.
Larravardiere Silva Rodrigues de Sousa Júnior, conhecido como Júnior Preto, de 31 anos; Julian Jefferson Sousa da Silva, de 21 anos, e Sansão dos Santos Sales, de 19 anos, foram presos, por volta das 6h, em suas casas, na Vila Sarney Filho. Também foram apreendidos, naquela mesma localidade, outros três adolescentes suspeitos de participação nos ataques incendiários, um de 15 anos, que confessou tudo, outro de 16 anos e o mais velho de 17 anos, que foi conduzido para a delegacia de Polícia Civil com os lábios e o braço esquerdo queimados.
Ainda de acordo com a PM, todos foram denunciados à polícia por meio do Disque Denúncia do Maranhão (3223-5800), e ainda reconhecidos nas filmagens do ônibus. "Todos aparecem nas filmagens do coletivo. Além dessa prova, várias denúncias repassadas ao Disque Denúncia, que se acumularam ao longo do fim de semana, confirmam a prova material e autoria deste crime", informou um sargento do SI-PM, enquanto apresentava os suspeitos na sede da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), no Bairro de Fátima.
"O adolescente mais novo confessou não só a sua participação nos ataques, como também confirmou o envolvimento direto de todos os demais cúmplices. Este mesmo adolescente também ratificou aquilo que o próprio secretário de Segurança Pública, Aluísio Mendes, já havia anunciado: que os ataques foram ordenados de dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas", acrescentou o comandante da guarnição do SI-PM, na
Seic, onde todos os conduzidos prestaram depoimento formal, durante todo o dia de ontem, ao delegado André Gossain.
Ordem - Segundo já constatou a própria Secretaria de Segurança Pública (SSP), a ordem dos ataques contra delegacias de Polícia Civil e incêndios a coletivos, na Região Metropolitana de São Luís, partiram de dentro do sistema prisional. Esta última ação criminosa, resultou na morte da menina Ana Clara Sousa Santos, de 6 anos, que teve 98% do corpo queimado, internada no Hospital Infantil Juvêncio Matos, em queimaduras também graves da irmã dela, Lorrane Beatriz Santos, de 1 ano e 5 meses, na mãe delas, Juliane Santos, de 22 anos, e em Márcio Ronny da Cruz Nunes, 37 anos, que tentou salvar as crianças. Ele está com queimaduras em torno de 72% do corpo.
"A ordem dos primeiros ataques partiu do detento Jorge Henrique Amorim Martins, conhecido como Dragão, de 21 anos, preso em flagrante no dia 27 de dezembro de 2012, por roubo qualificado. A determinação foi dada ao criminoso Hilton John Alves Araújo, o Praguinha, de 27 anos, condenado a 20 anos de prisão por homicídio. Para se ter ideia da benevolência da Justiça sobre estes bandidos perigosos, este último estava foragido desde 2012, quando recebeu uma saída temporária de Natal e não retornou à cadeia. Ele foi recapturado em janeiro de 2013, e em outubro, novamente, foi beneficiado com a liberdade provisória", lembrou Mendes.
Neste dia, bandidos também crivaram de bala o prédio do 9º Distrito Policial (São Francisco). Já no segundo ataque, ocorrido na noite de sábado (4), os integrantes de facções criminosas escolheram como alvo o 8º Distrito Policial (Liberdade), que da mesma forma foi atingido com diversos disparos de armas de fogo. Ainda nesse dia, foi morto a tiros, no bairro Maracanã, o sargento reformado da PMMA, Antônio Cesar Serejo, de 49 anos. Segundo garantiu a SSP, o militar foi vítima de latrocínio (roubo seguido de morte), e que o caso não tem relação com os atos de vandalismo.
Outros - Domingo (5), a PM já havia prendido outros sete suspeitos, e apreendeu dois adolescentes. Wilderley Moraes, o Paiakan, de 25 anos; Diego da Silva do Carmo, o Mocozinho, de 20 anos; Francisco Antônio Lobato Júnior, o Frazão, de 26 anos; Rogenilson Boaventura Brito, o Pelado, de 22 anos; Luís Gustavo do Nascimento, o Melônio ou Gustavo, de 18 anos; Ismael Caldas de Sousa, o Piranha, de 25 anos, homicida, e Bruno Airton Carneiro, o Bruno, de 19 anos, este último apontado nas investigações como aquele que teria coordenado a segunda onda de ataques criminosos.
Estes últimos foram apresentados em entrevista coletiva na sede da SSP, no bairro Outeiro da Cruz, na qual esteve presente a delegada-geral da Polícia Civil, Maria Cristina Resende Meneses, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Zanoni Porto, e os demais integrantes da cúpula do sistema de segurança. "A ideia dos líderes das facções que orquestraram de dentro dos presídios esses ataques era a de queimar, pelo menos, 20 ônibus, na região metropolitana, tragédia esta que foi evitada pelo aparelho de Segurança Pública", frisou o secretário Aluisio Mendes.
Durante a operação realizada no início da manhã de ontem, na Vila Sarney Filho, a Polícia Militar informou que outros dois suspeitos de participação no incêndio ao ônibus conseguiram escapar do cerco policial. Estes foram identificados como Samuel dos Santos Sales e Thalyson Vitor Santos Pinto, e podem ser localizados pela polícia com a ajuda da população, por meio do prefixo 190, do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops); ou ainda pelos telefones do Disque Denúncia: 3223-5800 (capital) ou 0300-313-5800 (interior). Os presos e apreendidos na ação da PM foram autuados em flagrante pelos crimes de participação em facção criminosa organizada, e homicídio agravado por uso de fogo. Os adolescentes ainda vão responder por corrupção de menores.
