Blog do Marcial Lima - Voz e Vez: Quadrilha presa 'ressuscitava' mortos e os casava para fraudar INSS E DPVAT no Piauí

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Quadrilha presa 'ressuscitava' mortos e os casava para fraudar INSS E DPVAT no Piauí


O delegado regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal (PF) no Piauí, Carlos Alberto Ferreira, e o delegado titular da Polícia Federal em Parnaíba, Edilberto Mendes Vilanova, informaram em entrevista coletiva, que os três presos na manhã de terça-feira, o advogado Luís Uirajá Gaspar, a enfermeira Maria de Nazaré da Mota Silva e sua cunhada, Francimélia da Mota Silva, detidos em suas residências no bairro Satélite, na zona leste de Teresina, formaram uma quadrilha que “ressuscitava” pessoas mortas conseguindo novas certidões de nascimento, carteira de identidade e CPF falsos e casavam com pessoas vivas, mulheres ou homens dependendo da situação para fraudar e receber benefício e pensão por morte pagas pelo INSS (Instituto Nacional de seguro social) e o seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre).
Segundo eles, a quadrilha chegava a receber do INSS pensão de R$ 3.600,00 e o DPVAT recebiam para cada pessoa R$ 13,5 mil. A quadrilha atuava nas cidades de Chaval (CE), Parnaíba, Buriti dos Lopes, Nossa Senhora dos Remédios e agora estava atuando em Teresina.

O delegado federal Carlos Alberto Ferreira afirmou que foram arrecadados nas residências de Luís Uirajá Gaspar, a enfermeira Maria de Nazaré da Mota Silva e sua cunhada, Francimélia da Mota Silva elementos de materialidade e provas e vestígios que indicam a materialidade de falsificação de documentos e delitos contra a Previdência Social e o DPVAT e outros delitos correlatos com o objetivo de infringir prejuízos à Previdência Social.

O delegado Edilberto Mendes Vilanova declarou que a quadrilha foi descoberta quando estourou uma fraude contra o DPVAT em 2010. De lá para cá, segundo ele, a quadrilha foi monitorada porque eles aproveitavam os mesmos documentos usados na fraude contra o DPVAT para fraudar e dar prejuízo ao INSS.

“Eles já tinham carteira de identidade, CPF, certidão de óbitos. Com esses documentos ele faziam que renascessem e cassassem. Normalmente eles pegavam pessoas já mortas, renasciam, faziam elas sofrerem um acidente de trânsito para sacar o DPVAT e ao sacarem pegavam o mesmo documento, casavam essa mesma pessoa morta pela segunda vez, se fosse homem casavam com mulher e se fosse mulher casava com homem. Com isso eles conseguiam fazer a fraude contra o INSS. Era um golpe simples, fácil e faziam isso com os mesmos documentos. Essas pessoas morriam, renasciam, às vezes existiam realmente um documento verdadeiro da morta com a pessoa que eles casavam novamente, mas essa pessoa já tinha perdido o direito de solicitar a pensão do INSS e a condição de beneficiário. Então, eles criavam os vínculos com empresas falsas. Nós apreendemos o livro de atas da criação dessas empresas na casa deles”, declarou o delegado Edilberto Mendes Vilanova.

A Policia Federal na hora da prisão chegou a flagrar uma pessoa que tinha recebido o benefício do INSS na casa de Luís Uirajá Gaspar que era o suposto esposo de uma mulher que já tinha morrido em acidente que tinha renascido e casado novamente.

A Policia Federal achou na casa de Luís Uirajá Gaspar documentos de mais de 100 beneficiários de fraudes contra o INSS.

“Nós logramos êxito de encontrar uma pessoa que está lá, por acaso, na casa com todos os benefícios do suposto esposo. Foi espetacular o resultado e, com isso, conseguimos provas importantes”, afirmou o delegado Edilberto Mendes Vilanova.

Ele lembra que a primeira descoberta de fraude contra o DPVAT em Parnaíba no período de 2010 e 2011. A partis dessa descoberta também foram conhecidas as fraudes contra a Previdência Social.

O delegado Edilberto Mendes Vilanova informou que a Polícia Federal iniciou o trabalho no final de 2011 para o início de 2012, mas o cabeça do esquema de fraude, que seria o preso na terça-feira pela Polícia Federal, Luís Uirajá Gaspar, se evadiu na época.

Segundo o delegado, a Polícia Federal não sabia onde Luis Uirajá Gaspar estava, mas os agentes da Polícia Federal fizeram um bom trabalho, conseguiram localizá-lo em uma residência no bairro Satélite.

“Eles estavam em Teresina e fazendo a mesma fraude, fazendo o mesmo golpe. Encontramos, inclusive planilhas, onde eles colocavam os dados. Nós vínhamos fazendo um acompanhamento pessoal e quando ele se evadiu, nós perdemos e fomos encontrar agora. Desta vez, eu não deixei passar”, afirmou Edilberto Mendes Vilanova.

A Polícia Federal terminou por localizar uma mulher envolvida com Luís Uirajá Gaspar estudando faculdade em Teresina. Os agentes federais fizeram campana e conseguiram descobrir onde eles estavam.

As prisões de Luis Uirajá, Maria de Nazaré da Mota Silva e Francimélia da Mota Silva foram feitas pela Polícia Federal em cumprimento a duas ações criminais que tramitam na Comarca de Buriti dos Lopes por fraude contra o DPVAT.

“Nós aproveitamos que tínhamos de fazer a oitiva deles e também precisávamos desses documentos e a promotora de Justiça Francineide e com a juíza de Buriti dos Lopes, Maria do Socorro Cipriano, que deu o mandado de busca e conseguimos executar não apenas as prisões, que foram feitas dentro das casas deles. Foi espetacular”, disse o delegado Edilberto Mendes Vilanova.

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