Batatã deixa de abastecer bairros

A Represa Batatã é o principal reservatório de água de São Luís, mas está comprometida por causa da falta de chuvas na capital este ano. Segundo a Companhia de Abastecimento Ambiental do Maranhão (Caema), o nível de água da represa atualmente é da Cota 2, que corresponde a menos de 5% da capacidade de sua reserva. Por causa disso, o abastecimento de água está comprometido nos bairros que dependem do reservatório, causando insatisfação entre a população.

Mais de 10 bairros de São Luís são abastecidos pelo Sistema Sacavém, dos quais pelo menos a metade recebe água proveniente da Represa Batatã. Os demais são abastecidos com água captada pelos poços profundos do sistema. Cerca de 100 mil pessoas dependem do reservatório para ter água em casa, mas desde 2008 não atinge o nível máximo. O volume de água vem caindo ano a ano e agora atingiu o nível mais crítico dos últimos anos.

Além das poucas chuvas, a alta demanda de água em São Luís, associada com a ocupação irregular do entorno da Reserva do Batatã, que está sendo desmatada, compromete ainda mais as condições da represa, já que a retirada da mata ciliar causa o assoreamento da represa. Quase sem água, o cenário atual da barragem é de mato e bancos de areia e a profundidade do lago está beirando os 50 centímetros.

De acordo com a Caema, o baixo nível do reservatório é o principal motivo dos problemas com a falta d'água que a população de São Luís tem enfrentado. O nível é bem abaixo do aceitável pelos técnicos e está muito longe do que é considerado ideal para garantir o abastecimento. Por causa do problema, a companhia já está alternando o fornecimento de água nas torneiras. Mas a situação pode piorar se as chuvas não se intensificarem até o fim de julho, já que no mês de agosto começa o período de estiagem na capital, que dura até o início do mês de janeiro.

Segundo a meteorologista Andréa Cerqueira, do Núcleo Geoambiental (NuGeo) da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), os totais mensais de chuva deste ano estão todos abaixo da média normal para São Luís. Até agora, o índice pluviométrico da capital totalizou 711,9 milímetros, quando o normal seriam 1.521,2 milímetros, ou seja, está 56% abaixo que o normal para os primeiros quatro meses do ano. "Para maio, há previsão de que as chuvas também fiquem abaixo da média prevista, que é de 316 milímetros", informou.

Falta de água - Enquanto o reservatório não enche, a população precisa lidar com a falta de água nas torneiras. Na Rua da Alegria, Centro, um dos principais bairros abastecidos com água proveniente do Batatã, já falta água há pelo menos uma semana, comprometendo as atividades diárias dos moradores, que reclamam ainda que têm dificuldade de conseguir água por outros meios. "Até carro-pipa é difícil de a gente conseguir aqui, pois eles não querem vir abastecer, já que as ruas são estreitas e um veículo estacionado por muito tempo no meio da via compromete o trânsito de toda a área", reclamou Carolina Pinheiro, moradora da rua.

Por causa da irregularidade no abastecimento, na quarta-feira da semana passada, dia 23, os moradores do bairro Liberdade interditaram a Avenida Getúlio Vargas, no Monte Castelo, durante a manhã. Ateando fogo em pneus e galhos de árvores, os manifestantes obstruíram o tráfego nos dois sentidos da via por volta das 5h30, causando engarrafamento nas duas faixas da via e em outras avenidas que levam ao centro da capital. Em alguns bairros da região, como a Floresta, os moradores estão sem água há quase 30 dias.

Obras - Por meio de nota, a Caema informou que vem trabalhando em caráter intensivo, inclusive nos feriados e fins de semana, no sentido de regularizar o fornecimento de água na cidade. Nos Sistemas Sacavém e Paciência, foram perfurados 11 novos poços artesianos, dos quais cinco já estão em operação e seis em fase de conclusão, o que aumentará o abastecimento de água em 1 milhão de litros por hora. Sem a estiagem, os sistemas estariam operando com 2 milhões de litros por hora a mais.

No dia 25 de abril, mais um poço entrou em operação no Sistema Sacavém e ontem mais dois receberam os equipamentos. A previsão é que entrem em operação em no máximo 10 dias. Com a conclusão das obras de substituição da Adutora do Italuís nos 19 quilômetros do Campo de Perizes, em junho deste ano, espera-se regularizar o abastecimento de água em São Luís. Mas, enquanto isso, para tentar garantir o abastecimento a toda a população, a Companhia mantém a distribuição em sistema de rodízio (dia sim, dia não).