Blog do Marcial Lima - Voz e Vez: PM anuncia reforço no policiamento, mas rodoviários mantêm paralisação

terça-feira, 1 de abril de 2014

PM anuncia reforço no policiamento, mas rodoviários mantêm paralisação


A Polícia Militar (PM) anunciou na manhã de ontem a criação de um Serviço de Inteligência que atuará exclusivamente no combate de assaltos a ônibus que integram o sistema de transporte coletivo de São Luís. A intenção é inibir as ações criminosas e garantir que motoristas e cobradores sintam-se seguros para voltar a trabalhar no período noturno, o que não acontece desde sexta-feira, dia 28 de março, quando foi iniciada paralisação por tempo indeterminado, sempre a partir das 18h. O anúncio foi feito durante uma reunião realizada entre o comandante-geral da PM, coronel Zanoni Porto, e representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado do Maranhão (Sttrema). No começo da tarde, a proposta foi levada aos rodoviários, que optaram por manter as atividades suspensas à noite.

Além da criação do Serviço de Inteligência, também foi anunciado um reforço no policiamento em pontos estratégicos da capital, onde é registrado o maior número de assaltos a coletivos. O plano de ações foi apresentado, durante a reunião, ao presidente do Sttrema, Gilson Coimbra; ao secretário administrativo do sindicato, Isaías Castelo Branco, e a outros diretores da entidade.

Inteligência - De acordo com o comandante do Policiamento Especializado, coronel Ivaldo Barbosa, o serviço de inteligência voltado para coibir assaltos em coletivos entrará em operação a partir de hoje e vai direcionar melhor as atividades das guarnições policiais no trabalho de identificar, localizar e prender os responsáveis pelos assaltos a coletivos da região metropolitana. "Será um serviço de inteligência mais atuante e contribuirá para melhorar o policiamento", disse o coronel Ivaldo.

Outra medida anunciada foi o reforço nas atividades desenvolvidas pela Ronda Ostensiva Tático Móvel (Rotam). Desde o fim de semana passado, o grupo, que atua fortemente no combate a assaltos a ônibus, sequestros relâmpagos e saidinhas bancárias, com um contingente formado por 100 policiais militares, já está reforçando o policiamento nos cinco terminais de Integração de São Luís.

As ações serão intensificadas nas principais avenidas da cidade, como Holandeses, Guajajaras, Africanos, Portugueses, Getúlio Vargas, Daniel de La Touche, Marechal Castelo Branco, entre outras, e também nos bairros como Anjo da Guarda, São Francisco, Ipase, Monte Castelo e Parque Jair, locais onde é registrada a maior quantidade de assaltos. O coronel Ivaldo afirmou ainda que desde a criação da Rotam, prisões e apreensões de armas de fogo foram efetuadas na capital, com o auxílio da tropa especializada.

Paralisação - Mesmo com o anúncio feito pela PM de criar o serviço de inteligência exclusivo para coibir assaltos a ônibus e reforçar o policiamento, os rodoviários decidiram continuar com o manifesto iniciado na sexta-feira e manter a suspensão de atividades durante a noite. Com isso, os ônibus foram recolhidos novamente ontem, a partir das 18h, deixando milhares de usuários do sistema de transporte coletivo da cidade desprovidos do serviço, considerado essencial para a população.

A decisão foi tomada na tarde de ontem, em reunião da diretoria do Sttrema, na sede da entidade, no Centro. De acordo com o presidente do sindicato, Gilson Coimbra, a polícia ainda não dispõe de estrutura para reforçar o policiamento na região metropolitana e motoristas, cobradores e fiscais de ônibus voltarão a atuar novamente durante o período noturno quando se sentir seguros novamente para desenvolver suas atividades à noite.

"Faltam viaturas para reforçar o policiamento. Como eu sempre disse, a PM é nossa parceira e vemos nela a boa vontade em nos ajudar, mas falta estrutura para isso. Por isso, vamos continuar com a paralisação a partir das 18h", disse Coimbra.

Ele afirmou que não apenas os rodoviários, mas os passageiros também são vítimas dos assaltos a coletivos. "A maioria dos assaltos acontece durante a noite, e não são apenas os motoristas e cobradores que sofrem com isso. Os passageiros também são lesados com os assaltos, pois os bandidos levam deles celulares, bolsas e outros objetos", frisou o presidente do Sttrema.

Paralisados - Com a paralisação dos rodoviários no fim da tarde de ontem, a rotina de muitos usuários de transporte coletivo de São Luís foi novamente alterada. Por volta das 18h, alguns coletivos já haviam deixado de circular, fazendo com que as pessoas procurassem alternativas para chegar a seu destino.

Muitas pessoas estavam cientes de que os coletivos deixariam de circular à noite e por isso se precaveram, saindo mais cedo do seu local de trabalho. Algumas escolas também liberam seus alunos mais cedo, enquanto em outras unidades de ensino as aulas à noite foram suspensas.

No centro da cidade, por volta das 17h, as paradas de ônibus estavam lotadas de pessoas em busca de uma condução. Com isso, muitos coletivos transitavam com lotação máxima.

Mais renda - A paralisação noturna de rodoviários é uma oportunidade para os proprietários de táxis-lotação, popularmente conhecidos como "carrinhos", aumentarem as a renda. Cobrando de R$ 2,00 a R$ 3,00, os condutores desses veículos lotaram os tradicionais pontos de embarque de passageiros, como na Rua do Outeiro, em frente ao antigo Colégio Marista, e no Anel Viário, para transportar pessoas para a área Itaqui-Bacanga, uma das regiões mais carentes de transporte público.

Opiniões - A ausência de ônibus no período noturno está dividindo a opinião entre usuários. A auxiliar de serviços gerais Domingas da Conceição, moradora do Anjo da Guarda, afirma que a classe está no seu direito, pois o motivo do manifesto é legítimo. "Eles estão certos, pois todos nós estamos sem segurança. Está certo que a população sofre com isso, mas tem de ser dessa forma para as coisas melhorarem", disse.

Já na opinião da doméstica Silva Soares, moradora do Gapara, os usuários de transporte coletivo são os mais penalizados com a paralisação dos ônibus. "Eu acho isso um desrespeito com a população, pois muitas pessoas estão sendo prejudicadas com a falta de ônibus. Se já tem pouco ônibus, com essa paralisação a situação fica ainda pior", reclamou.

Leandro Santos
Da equipe de O Estado

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