A Polícia Civil e peritos do Instituto de Criminalística (Icrim) realizaram ontem a reconstituição da morte de Liliane Silva Villas Boas, de 26 anos, que ocorreu durante uma operação feita pela Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), no Bairro de Fátima, na noite do dia 23 de janeiro deste ano. Segundo informações da polícia, ela, que estava grávida de cinco meses, se encontrava em uma Hilux preta, em companhia do marido, Márcio de Jesus Mendes, o Márcio Patrão, de 34 anos, e do enteado, Thalisson Mendes, de 16 anos, que também foram baleados. Márcio Patrão é suspeito de vender drogas na Região Metropolitana e fornecer armas de grosso calibre para integrantes de facções criminosas, no Maranhão e no Pará.
A reconstituição foi coordenada pelo delegado Wang Chao Jen, enquanto a parte pericial ficou sob a direção dos peritos Hilton Ribeiro, Haristoney Coelho e Orleanes Silva. O resultado está previsto para sair em 30 dias. Estiveram no local o superintendente da Seic, Luis Jorge Matos; o superintendente da Polícia Civil da Capital, Leonardo Diniz; o advogado da família de Márcio Patrão, Adaiah Martins, e o adolescente Thalisson Mendes.
Desde o dia 30 de janeiro, Márcio Patrão teve a sua prisão domiciliar revogada pelo juiz da 2ª Unidade Jurisdicional do Tribunal do Júri, Gilberto de Moura Lima. No momento, ele está cumprindo pena na Casa de Detenção, sob a acusação de tentativa de homicídio contra policiais civis e de ser um dos líderes da facção criminosa Primeiro Comando do Maranhão (PCM), do núcleo do Bairro de Fátima.
Reconstituição - Foi montado um forte aparato policial composto pelas polícias Civil e Militar para que não atrapalhasse o trabalho da Polícia Técnica. Ruas e transversais da Tiradentes e Inácio Fragoso, conhecida como Rua do Peixe, no Bairro de Fátima, foram isoladas.
O delegado Wang Chao Jen explicou que o próprio advogado de defesa e o Ministério Público solicitaram à Justiça a reconstituição dos fatos, concedida pelo juiz Gilberto Lima.
O delegado disse ainda que o trabalho seria feito em duas etapas. Primeiramente, um dos investigadores da Seic, que participou da operação, iria ser ouvido pelos peritos e, logo em seguida, essa versão seria demonstrada, filmada e ainda catalogada pelos profissionais da Polícia Técnica.
Após esse trabalho, Thalisson Mendes também seria ouvido e analisado pelos peritos. O delegado não deixou de frisar que esse serviço será analisado de forma criteriosa, no Icrim, para ser enviado para a Justiça. “É necessário retirar todas as dúvidas para que não ocorra injustiça e durante a reconstituição amenizar essas interrogações sobre o fato”, declarou.
Versões opostas - De acordo com as informações da polícia, os investigadores da Seic receberam denúncias de que Márcio Patrão seria traficante de drogas e que guardava em sua casa, na Rua do Peixe, no Bairro de Fátima, várias pistolas calibre ponto 40, que alugava para uma organização criminosa na capital.
Ao chegarem ao endereço, os investigadores se depararam com o suspeito saindo do seu veículo, uma Toyota Hilux de cor preta. Ele, ao perceber a aproximação da polícia, empunhou uma pistola e atirou contra a equipe, que revidou. Durante a troca de tiros, Liliane Villas Boas foi atingida nas costas; Márcio Patrão no abdômen, pescoço e braço esquerdo e o adolescente no braço.
Márcio Patrão declarou em seu depoimento que estava indo com a sua mulher e filho para a casa da sua mãe, no Bairro de Fátima. Assim que ele estacionou a caminhonete próximo à casa da mãe dele, um Fiat Palio de cor branca trancou o seu veículo e os ocupantes, todos encapuzados, desceram os vidros e atiraram sem sequer dar voz de prisão. Depois de 20 minutos, chegaram duas viaturas caracterizadas da polícia e resolveram socorrer a mulher dele, que veio a falecer horas após.
O superintendente da SPCC, Leonardo Diniz, falou que há anos a polícia vem investigando o bando chefiado por Márcio Patrão. Em abril do ano passado, foi feita uma incursão em um sítio alugado pelo traficante, na Estrada de Ribamar. Nesta operação foram apreendidos drogas, armas e menores. “Ele não foi preso, pois tinha deixado o local com a sua mulher horas antes de a polícia chegar. Também foi descoberto que a sua quadrilha tem integrantes que agem no Pará, ou seja, vendendo drogas e armas de grosso calibre”, afirmou.
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