Blog do Marcial Lima - Voz e Vez: Camboa: chefes do tráfico escapam de cerco policial

sexta-feira, 10 de março de 2017

Camboa: chefes do tráfico escapam de cerco policial

Grupo preso no condomínio PAC da Camboa, envolvido com o tráfico de entorpecentes na área. (Foto: Biné Morais/O Estado)

A polícia realizou uma megaoperação nos apartamentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do bairro Camboa, conhecido como Carandiru, mas o principal objetivo não foi alcançado, já que não conseguiu prender os “cabeças” do tráfico de drogas e chefes de facções criminosas que residem no local, identificados como Valdirene Pereira, a Val, viúva do traficante Daniel Almeida dos Santos, o Danielzinho, e o homem conhecido como Leo Gordo.

Esses criminosos seriam os responsáveis pelo clima de terror no residencial, com a venda de entorpecentes, realização de tiroteio e até mesmo de expulsarem mora­dores que não aprovam as atividades do bando. Esse tipo de incursão policial vai ser desenvolvido, ainda este ano, em outros locais da capital dominados pelos criminosos.

O resultado da operação, que reuniu quase 1.000 policiais, 60 delegados e até o helicóptero do GTA, foi apresentado em coletiva na sede da Secretaria de Segurança Pública. Uma metralhadora de origem argentina, um revólver calibre 38 e duas pistolas, uma delas roubada da Polícia Civil de São Paulo, foram as armas apreendidas. Sete pessoas foram presas, e cinco menores, apreendidos. Entre os detidos, somente seis foram identificados, Jhennyfer Kerlem Pereira Viana, Carlos Mariano de Sousa Neto, Denes Alexsandro Silva Diniz, Denilson Oliveira Silva, William Cleyton Pinheiro e Adriano Ferreira Silva. A polícia, também, encontrou em um apartamento 1,5 kg de maconha pronto para ser vendido.

Autuação

Segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Lawrence Melo, os detidos foram levados para a sede da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), no Bairro de Fátima, onde prestaram esclarecimentos e, logo depois, foram encaminhados para a unidade prisional onde vão ficar presos à disposição do Poder Judiciário.

O titular da Seic, delegado Thiago Bardal, informou que todos os detidos foram autuados por organização criminosa, porte ilegal de arma de fogo, tráfico de droga e corrupção de adolescentes. A partir da prisão desses criminosos, foram identificados outros integrantes do bando, chefiados por Valdirene Pereira, que, ainda, esta semana, terão a sua prisão solicitada ao Poder Judiciário.

Também no local, foram apreendidas 15 aves e até mesmo um macaco sagui pelo Batalhão Ambiental da Polícia Militar. Esses animais serão devolvidos, ainda esta semana, ao seu ambiente natural.

Explosão

O comandante do Corpo de Bombeiros Militar, coronel Célio Roberto, informou que, em um dos apartamentos, foi encontrada uma fábrica clandestina de detergente líquido, com armazenamento de material com alto poder explosivo. Os bombeiros encontraram ainda um botijão de gás irregular e 1.695 litros de hipoclorito de sódio.

Todo esse material foi apreendido e vai ser periciado pelos peritos do Instituto de Criminalística (Icrim). “Esse material apreendido tinha o poder de explodir todo o residencial”, afirmou o comandante do Corpo de Bombeiros Militar.

O secretário de Segurança Pública, delegado Jefferson Portela, declarou que uma equipe da Secretaria das Cidades estava no local fazendo o mapeamento dos moradores, enquanto trabalhadores faziam a limpeza da área, principalmente a pintura dos muros para retirar a marca das facções criminosas.

Vingança

As ações criminosas no Residencial do PAC estavam sendo chefiadas por Valdirene Pereira, como forma de vingança da morte do traficante Daniel Almeida dos Santos, o Danielzinho, de 30 anos, que foi morto a tiros no dia 15 de dezembro do ano passado, nas proximidades de uma casa lotérica, na Avenida Colares Moreira, no Renascença. Além dela, também funcionava como chefe o traficante Leo Gordo.

Ainda segundo o delegado, essa onda de criminalidade ficou mais intensa depois da morte de Danielzinho e de outro criminoso identificado como Pinóquio, que era soldado do tráfico, assassinado no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no ano passado.

Nessa localidade, começaram a ocorrer, de forma diária, tiroteios promovidos entre as facções criminosas rivais que tinham como alvo dominar o tráfico de droga na Ilha, principalmente nos bairros Liberdade e Camboa. Eles ainda são acusados de realizar assassinatos e expulsar vários moradores dos seus imóveis.

Pânico

Os moradores do residencial que não quiseram identificar-se com medo de represália, disseram que vivem sob o clima de pânico e, a todo instante, são sujeitos a ouvir barulho de tiros e a movimentação intensa de criminosos, principalmente à noite e durante a madrugada.

Até mesmo alguns moradores são obrigados pelos criminosos a esconder, em seus apartamentos, armas e drogas. Os que não se sujeitam aos desmandos dos criminosos são obrigados a abandonar o seu lar ou até mesmo a vender por um preço abaixo do mercado. Nos muros do residencial, podem ser vistas pichações de inscrição de facção criminosa e marcas de tiros.

Fonte: Jornal O Estado do Maranhão

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Opine! Mas seja coerente com suas próprias ideias.