Blog do Marcial Lima - Voz e Vez: Juiz concede liberdade provisória ao ex-coronel Correia Lima

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Juiz concede liberdade provisória ao ex-coronel Correia Lima


O ex-coronel José Viriato Correia Lima foi colocado em liberdade. Acusado de chefiar o crime organizado no Piauí, Correia Lima estava cumprindo condenação por vários crimes na penitenciária Mista de Parnaíba.

A liberdade provisória para Correia Lima foi concedida por determinação do juiz da 1° Vara, José Ribamar Oliveira. A justiça atendeu ao pedido do advogado do ex-coronel, Marcos Mourão que alegou problemas de saúde do cliente para conseguir a liberdade de Correia Lima.

Um funcionário da penitenciária confirmou ao Portal AZ que o ex-coronel saiu da prisão para fazer um tratamento médico e deve retornar após sete dias, no dia 3 de agosto.

Não foi informado o local onde o preso irá realizar o tratamento médico.

Nascido em Iguatu, interior do Ceará, Correia Lima ingressou na Polícia Militar e logo se envolveu em atividades criminosas no Piauí. Em 1979, com 27 anos, já chefiava o crime organizado no Estado, estendendo, nos vinte anos seguintes, sua influência junto a políticos, policiais, empresários, juízes e promotores públicos. Mesmo depois de reformado, continuou a desfrutar de enorme poder e comandava de fato a Polícia Militar.

O grande filão da quadrilha comandada por Correia Lima surgiu com a municipalização das despesas federais com saúde e educação, o que carreou grande quantidade de verbas públicas para municípios do Piauí, Valendo-se de empresas de fachada, que emitiam notas frias relativas a despesas falsas de fornecimentos e serviços, a quadrilha desviou pelo menos cem milhões de reais, que se destinavam à compra de merenda escolar e a serviços comunitários, de 40 prefeituras do Piauí. Todo esse dinheiro era arrecadado por uma empresa de cobrança de propriedade de Correia Lima. A quadrilha também atuava nos Estados do Maranhão e do Ceará.

Os prefeitos que se negassem a participar do esquema eram pressionados e, se resistissem, assassinados. Nove tiveram esse destino num período de dez anos. Chegou a ser criada no Piauí uma inusitada União das Viúvas de Prefeitos Assassinados, entidade criada para denunciar o descaso do Poder Judiciário piauiense em solucionar os processos referentes a esses homicídios.

Em 1997, o promotor público Afonso Gil Castelo Branco denunciou a existência de uma máfia, formada por policiais civis e militares, que agia em seu Estado. Nessa época, ele investigou 61 policiais de Teresina por crimes como abuso de autoridade, lesão corporal e homicídio. Durante os interrogatórios, descobriu que boa parte dos acusados trabalhava para o escritório do coronel Correia Lima. Denunciou 25 policiais à Justiça, mas apenas um foi condenado. Ameaçado de morte, Castelo Branco passou a viver recluso e andar armado.

As denúncias do promotor só foram adiante em 1999 quando o crime organizado passou a ser objeto de atenção de uma Comissão Parlamentar de Inquérito do Congresso Nacional e as investigações passaram a ser orientadas pela Polícia Federal. A PF grampeou uma dúzia de telefones dos principais suspeitos de integrar o crime organizado no Estado. E obteve 700 horas de gravação, registradas em 350 fitas que, somadas, contêm 2.500 conversas.

Foram reunidas provas que indicavam a ocorrência de pelo menos dez assassinatos cometidos pela quadrilha. Uma das vítimas, o policial civil Leandro Bernardi, era o namorado da filha do coronel. Outra, Arias Costa Filho, era o delegado de polícia que investigava o caso. Uma terceira foi assassinada porque ameaçou denunciar a quadrilha. E, em pelo menos dois casos, os mortos, um motorista e um caseiro de Correia Lima, tinham seguro de vida, feitos pelo próprio coronel, cujos beneficiados eram sua mulher e sua filha.

Correia Lima foi preso e recolhido a um quartel da Polícia Militar. Junto com ele foram detidos o delegado de polícia José Wilson Torres, ex-presidente da Associação dos Delegados da Polícia Civil, o irmão do coronel, Augusto Correia Lima, um empresário e três soldados da PM. Os irmãos Valdílio e Odival Falcão. respectivamente comandante da PM e chefe da Casa Militar do governador Mão Santa, foram afastados de seus cargos, por suspeita de envolvimento com a quadrilha.

Mesmo na prisão, o coronel continuou no comando de sua quadrilha, pois dispunha de celulares e recebia visitas livremente. Chegou a ordenar assaltos a bancos e o espancamento de um jornalista que o criticava. Por causa disso, esteve durante algum tempo preso no Maranhão. Julgado e condenado por alguns de seus crimes, em 2007 cumpre pena de 23 anos e 9 meses num quartel da PM do Piauí. Para que possa ser transferido para uma penitenciária, o Ministério Público estadual entrou com processo para que Correia Lima perca sua patente de coronel.

José Viriato também tem estreitas relações familiares com outro notório contraventor nordestino, José Enilson Couras, mais conhecido como Courinha, pistoleiro acusado de mais de 100 homicídios ao longo das décadas de 1970 e 80.
*portal AZ

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