Blog do Marcial Lima - Voz e Vez: Polícia Federal e Ibama iniciam a Operação Ibirapitanga II

terça-feira, 8 de novembro de 2022

Polícia Federal e Ibama iniciam a Operação Ibirapitanga II


 Policiais federais, em conjunto com servidores do Ibama, iniciaram, nesta terça-feira (8/11), operação policial dedicada a reprimir a ação de uma associação criminosa com ramificação internacional, que vinha atuando no Estado do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia e Alagoas, e era especializada na exploração  ilegal de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção, em especial, o pau-brasil, no interesse da indústria internacional de acessórios de instrumentos musicais de corda, como arcos de violino.

Estão sendo cumpridos 37 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Vara Federal Criminal de Linhares (ES). No Espírito Santo, são cumpridos dois em Domingos Martins, um em Santa Teresa, dois em Linhares, cinco em Joao Neiva, 21 em Aracruz. Também estão sendo cumpridos um na cidade de São Gonçalo (RJ), três em Camacan (BA) e dois em Coruripe (AL).

Em razão da grande quantidade de mandados a serem cumpridos, além dos policiais federais lotados no Espírito Santo, a operação contou com a participação de outros 50 policiais do Rio de Janeiro, Bahia e Alagoas, além de 32 servidores do Ibama.

O objetivo das ações de hoje, além do cumprimento das ordens judiciais, é obter novos elementos de prova para desmantelar por completo o grupo criminoso dedicado ao cometimento de crimes contra à flora, contra à administração ambiental e outros crimes ambientais.

Entenda o caso

As investigações se iniciaram após ações fiscalizatórias realizadas pelo Ibama no âmbito da Operação DÓ RÉ MI, que resultaram em apreensões de mais de 42 mil varetas de pau-brasil, além de mais de 150 toretes. No ano passado, quando da realização da primeira fase, foram apreendidas outras 32 mil varetas e 85 toretes.

Naquele momento, foram descobertos indícios que apontavam para a existência de uma associação criminosa com extratores, transportadores, intermediários, atravessadores, arqueiros e empresas de produção e exportação de acessórios de instrumentos musicais de corda.

A atuação criminosa consistia em beneficiar o pau-brasil extraído clandestinamente de Unidades de Conservação Federal, especialmente do Parque Nacional do Pau-Brasil, visando à venda do produto acabado em formato de arcos de violino/contrabaixo, ou mesmo na forma de varetas (produto não finalizado) para o exterior, sem qualquer controle das autoridades brasileiras, mediante a burla nos canais de fiscalização da Receita e do Ibama.

O arco é o produto final produzido a partir da vareta. No Brasil, as varetas são adquiridas por valores que giram entre 20 e 40 reais, ao passo que os arcos podem ser vendidos no exterior por até U$ 2.600 (R$ 14.600).

Razão do nome

O nome pau-brasil, dado a árvore símbolo de nosso país, foi derivado de antigas nomenclaturas dadas pelos europeus colonizadores. Já em tupi-guarani, a árvore era chamada de Ibirapitanga, sendo que “ybirá” é árvore e “pitanga” significa vermelho.

Perícia inovadora

Apoiando as investigações, a Perícia Criminal da PF utilizou um novo procedimento para determinar a procedência da madeira apreendida ao longo das ações da polícia. Trata-se da técnica conhecida como análise de isótopos estáveis.

De posse de amostras da madeira apreendidas na primeira fase, foi possível aos peritos criminais determinarem a origem da madeira ilegalmente extraída, como sendo o Parque Nacional Pau-Brasil em Porto Seguro, Unidade de Conservação Federal onde a retirada das árvores é terminantemente proibida.

Parceria internacional

Buscando o maior alcance possível, a PF estabeleceu parceria com a U.S. Fish and Wildlife Service, agência do governo dos Estados Unidos dedicada à repressão dos crimes com a pesca, a vida selvagem e os “habitats”.

Como os arcos produzidos com pau-brasil ilegalmente extraído são destinados ao exterior, em grande parte, aos Estados Unidos, a agência foi acionada, na primeira fase da operação, para apoiar as ações da PF naquele país visando verificar a legalidade das importações e a existência de ramificações do esquema criminoso em território norte-americano.

Crimes investigados

Os investigados poderão responder pela prática de associação criminosa, contrabando, crimes contra à flora, por outros crimes ambientais e contra à administração ambiental, com penas combinadas que podem ultrapassar 15 anos de prisão.

Por parte do produto do crime ter sido enviado ao exterior e por se tratar de espécie em extinção, a pena poderá ser agravada.

(Informações da PF) 


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