Em clima de celebração do centenário do Rei do Baião, será lançado hoje o livro de quadrinhos Asa Branca – Traços de Canções, às 19h, na Galeria de Arte do Sesc (Praça Deodoro). O mestre da música também terá suas canções interpretadas no show Sala de Reboco, de Alfredo Del-Penho e grupo Os três do Forró, que será realizado hoje, às 22h, no Sonora Club (Praia do Meio).
Com o objetivo de despertar nos brasileiros a curiosidade pela vasta obra de Luiz Gonzaga, a obra Asa Branca apresenta histórias inspiradas nas músicas do compositor pernambucano de uma forma diferente – em quadrinhos. Idealizado pela Dupla Criação e editado por Iramir Araújo, o projeto foi contemplado pelo Prêmio Funarte Centenário de Luiz Gonzaga 2012, que possibilitou sua realização. No livro, estão quadrinhos baseados em clássicos do cantor como Asa Branca e Assum Preto.
Para traduzir a profundidade e inventividade que marcam a obra do ícone nordestino, formou-se um grupo de cinco artistas para a feitura do livro. Com roteiro e edição assinados por Iramir Araújo, os desenhistas Beto Nicácio, Rom Freire, Marcos Caldas e Joseph Bruno foram as responsáveis pelas ilustrações. Cada um deles adaptou seu próprio estilo de desenhar à história da qual foram incumbidos. “Por exemplo, o Joseph gosta mais de trabalhar com mangá, então ele ficou com uma das histórias mais alegres. O Romjá prefere ficção científica, portanto ele se encarregou dos quadrinhos para a música Xote Ecológico. O Marcos desenhou as dramáticas histórias de A morte do Vaqueiro e Dezessete e setecentos. E eu, que prefiro retratar o cangaço, assinei Numa sala de reboco”, disse o desenhista Beto Nicácio.
De capa colorida e miolo em preto e branco, o livro de 56 páginas não pode ser enquadrado em um gênero específico. Segundo Nicácio, as histórias apresentam aspectos cômicos e dramáticos. “Algumas são muito engraçadas, enquanto outras chegam a ser até trágicas, assim como a realidade abordada na obra de Gonzaga”, explica.
Uma das propostas de Asa Branca – Traços de Canções é aproximar o público atual do legado expressivo do cantor nordestino. Antes de cada história, estará a letra da música que a inspirou para facilitar a referência à poética de Gonzaga. “Mesmo quem não conhece profundamente as canções do Rei do Baião, entenderá a proposta”, diz Nicácio. As interpretações de músicas como A rede veia e A triste partida também compuseram o livro. Na noite de hoje, haverá sessões de autógrafos, exposição de trechos da obra e distribuição gratuita do álbum em quadrinhos Asa Branca.
Sala de Reboco – Além da publicação, Luiz Gonzaga também receberá homenagem sonora no show do cantor Alfredo Del-Penho e grupo Os Três do Forró, que será realizado no Sonora Club, localizado na Praia do Meio. A partir das 22h, os ludovicenses conhecerão a melodiosa voz do cantor carioca, interpretando as músicas do Rei do Baião no show Sala de Reboco. O evento, realizado pela Mário Moraes Produções, receberá a iluminação especial de candeeiros.
Além de intérprete, Del-Penho é compositor, ator, pesquisador e violonista. Apesar de se destacar principalmente por sua atuação no samba e no choro nas noites cariocas, o cantor apresentará para os maranhenses as animadas canções do forró pé de serra de Gonzaga. Além dos shows principais, haverá participação de outros sanfonistas locais, como Renatinho da Sanfona. “Será como uma ‘roda de forró’, sem roteiro pronto. O show vai ser de acordo com o clima do público, algo intimista”, diz o produtor Mário Moraes. O repertório da apresentação não se limitará às canções de Gonzaga e terá músicas de grandes compositores brasileiros como Jackson do Pandeiro, Dominguinhos e do maranhense João do Vale.
O contato do artista com o Rei do Baião excede o campo da interpretação musical. Atualmente, Alfredo Del-Penho está em cartaz no musical Gonzagão – A lenda no Rio de Janeiro. Na peça, ele, uma atriz e sete atores se revezam no papel de Luiz Gonzaga. Com texto poético e direção de João Falcão, o espetáculo apresenta momentos importantes da vida do músico, como a invenção do baião, a ida para o Rio de Janeiro e o reencontro com Gonzaguinha. Há também momentos fictícios, como o encontro dele com Lampião, por quem Gonzaga tinha grande admiração. No espetáculo, todos interpretam o Rei do Baião em algum momento. “A ideia do diretor é mostrar que todos nós, brasileiros, somos o Gonzaga”, explica Del-Penho.
O artista já lançou dois álbuns, o primeiro deles é Cachaça dá samba, no qual o cantor canta com Pedro Paulo Malta. A parceria se repete em Além de Lamartiníadas, que também tem a participação de Pedro Miranda. Como pesquisador da música popular brasileira, teve seus estudos e trabalhos orientados pelo pesquisador Paulo Cesar de Andrade. Atuou no projeto de restauração do acervo Jacob do Bandolim pelo IJB (Instituto Jacob do Bandolim) e na restauração de fonogramas publicados no Box Elizeth, lançado em 2003 pela gravadora Biscoito Fino. Ao lado de Pedro Paulo Malta, pesquisou e editou o material sonoro de acervos informais de depoimentos de Elizeth Cardoso, que resultou no CD release do Box sobre Elizeth Cardoso.
