Do G1, em Brasília
Levantamento do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), ligado ao Ministério da Justiça, aponta que, nos últimos dez anos, 15 estados, além do Distrito Federal, deixaram de usar R$ 187 milhões liberados pelo governo federal para construir e reformar presídios. Não foram adiante dezenas de projetos, incluindo estabelecimentos de saúde e educação para detentos, aprovados entre 2004 e 2013, para Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Sergipe e Tocantins.
Entre os diversos motivos alegados, destacam-se a falta de recursos do próprio estado para completar a obra, cancelamento por atrasos, inadequação de projetos alterados, problemas na licitação, suspeitas de irregularidades e troca no comando do governo estadual.
Também há situações de contratos cancelados por determinação do próprio governo federal por mudanças na política carcerária; em outros casos, um decreto presidencial impediu o repasse de recursos para obras que ainda não haviam iniciado, segundo alguns estados — veja a lista completa de obras canceladas por estado ao final desta reportagem.
Os dados, compilados pelo Depen a pedido do G1, não contemplam o valor total que o governo repassou; apenas o que foi devolvido. O que ficou no estado para ser investido não foi informado pelo órgão. Os únicos números disponíveis referem-se a 2012 e 2013, quando o repasse de verbas da União para o sistema carcerário em todo o país totalizou R$ 1,2 bilhão.
O Maranhão, onde eclodiu a crise que levou o governo federal a elaborar plano emergencial para conter a violência nas penintenciárias locais, foi o terceiro estado que mais devolveu recursos na última década: R$ 23,9 milhões. O governo maranhense havia assinado três contratos, em 2004 e 2011, para a construção de duas cadeias públicas e um presídio no interior do estado. Todos os contratos foram cancelados.
Se fossem concluídas, as instalações somariam 681 vagas. O governo do Maranhão informou que o cancelamento ocorreu após o Depen rejeitar alterações feitas nos projetos pela Secretaria de Administração Penitenciária do estado a pedido do próprio governo federal. Segundo o governo maranhense, as duas cadeias cujos contratos foram anulados estão sendo construídas agora com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento.
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