Blog do Marcial Lima - Voz e Vez: Praias continuam impróprias para o banho em São Luís

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Praias continuam impróprias para o banho em São Luís

O dilema da poluição das praias de São Luís persiste. Laudo da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), divulgado no início deste mês, aponta que três praias se apresentaram impróprias para o banho. A notícia coincide com o período de férias, um dos que atraem maior número de frequentadores à orla marítima da capital e deixa em alerta quem costuma optar pelas praias para o lazer. Além das praias, as fozes de cinco rios estão interditadas. O laudo é realizado semanalmente e o mais recente foi elaborado entre 11 de maio e dia 8 deste mês.

O monitoramento segue a Resolução 274/2000, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e é variável. “É normal variar a balneabilidade na zona urbana, isso por existir muita fonte de poluição”, diz o cientista ambiental e consultor do Estado na realização do laudo, Márcio Vaz.

Entre os fatores que contribuem para a poluição das praias na zona urbana estão os esgotos domésticos, as chuvas que levam dejetos para as águas e o grande fluxo de pessoas nestas áreas. “Por isso, um trecho que foi considerado impróprio numa semana, pode estar próprio em um próximo laudo”, explica o especialista. Vaz informa ainda que durante o período chuvoso são maiores as possibilidades de resultados ‘impróprios para o banho’, que na estação seca. “É regra geral que durante as chuvas aumentem os níveis de poluição, pois as águas lavam a cidade e levam sujeira e lixo para a praia”. O laudo aponta as praias do Meio, de São Marcos e parte do Calhau como impróprias para o banho de mar.

Outro trecho detectado como poluído pelo laudo está na foz dos rios Calhau, Jaguarema, Claro, Pimenta e Olho de Porco. Márcio Vaz explica que as fozes absorvem grande parte do esgoto da capital, por isso, são geralmente focos de contaminação. Segundo ele, o laudo deve ser utilizado como referência para que o usuário se oriente e escolha as áreas mais favoráveis na orla para seu banho de mar. “É um indicador de segurança e prevenção, não um dado de alta precisão. Os resultados não querem dizer que as pessoas ficarão doentes caso entrem na água”, enfatiza o especialista. E reitera que é uma questão de saúde pública e o Governo alerta o cidadão por meio do laudo.

Frequentadores dizem ser uma situação triste. “Dá muita pena saber disto, pois São Luís tem praias lindas e é uma cidade abençoada com um bom clima, mas não se pode curtir esta maravilha da natureza sem receio”, disse o mecânico Antônio Barbosa Serejo, 34 anos, que é paulista e há um ano reside na capital, além de ser assíduo nas praias. A cabeleireira Solange dos Santos, 30 anos, não deixa de ir às praias mesmo sabendo dos riscos. “É uma opção que a gente tem para se divertir sem gastar muito e aproveitando a natureza”. Mas ela toma precauções e se guia pelas placas instaladas na orla: não frequenta trechos onde houver aviso de poluição ou interdição.

UEMA organiza estudo
A fim de somar às pesquisas que vêm sendo promovidas, o Laboratório de Recursos Hídricos da Universidade Estadual do Maranhão (LabHidro/UEMA), organiza equipe que irá a campo para analisar as águas das praias da capital. “Estamos realizando os preparativos e reunindo os equipamentos adequados para proceder este estudo”, informa o chefe do setor, José Raimundo Gama. O especialista explica que a poluição de uma foz nem sempre significa a poluição da água da praia onde ela se localiza. “Há os pontos onde o rio começa; a foz é onde ele deságua e nem sempre são trechos diretamente de água da praia a qual está ligado”, diz. Fato, que, segundo ele, não diminui os problemas causados pela situação de poluição destes trechos. “Nossas praias e nossos rios, infelizmente, sofrem com a poluição. É preciso que seja realizada uma ação urgente de despoluição e prevenção, que é extremamente necessária” enfatiza.

Método de análise
Para chegar aos resultados foram coletadas amostras do mar e da maré baixa de 17 pontos distribuídos nas praias da Ponta d’Areia, São Marcos, Calhau, Olho d’Água, Praia do Meio e Araçagy. As coletas foram analisadas no Laboratório Central de Saúde Pública – Lacen/MA. A avaliação da qualidade da água teve como base um indicador microbiológico que aponta o número de bactérias Escherichia Coli por 100 mililitros de água – indica a contaminação por fezes ou esgoto humanas. A água é considerada imprópria quando houver acima de 2 mil E.coli/100 ml em mais de 80% de um conjunto de amostras - o limite tolerado é de até 800 E.coli/100ml.

“Esta bactéria fica em nosso intestino e não causa mal, mas indica que, estando em um esgoto, por exemplo, este pode ter outros tipos de riscos como transmissores de Hepatite e outras doenças”, conclui. As coletas para o laudo são feitas sempre aos domingos, com a maré baixa, quando há grande fluxo de pessoas; e divulgados às terças. Se, de cinco amostras, quatro forem consideradas no nível, as águas são tidas como próprias para banho. O comparativo está determinado na Resolução do Conama, cuja regra é realizar a análise de no mínimo cinco amostras consecutivas. “No Maranhão realizamos estas amostras semanalmente”, diz o cientista ambiental, Márcio Vaz.

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