Mais de 150 policiais cumprem 17 mandados de prisão preventiva, cinco de prisão temporária, 48 de busca e apreensão e 15 sequestros/bloqueios de bens nos Estados do Amazonas, Rio Grande do Norte, Rondônia Roraima e São Paulo. Os mandados foram expedidos pela 4ª Vara Federal de Roraima e determinam o bloqueio de até R$ 102 milhões dos envolvidos.
As investigações tiveram início em setembro de 2017, após apreensão de, aproximadamente, 130 gramas de ouro no Aeroporto de Boa Vista (RR), destinados a uma empresa em São Paulo. Uma nota fiscal de compra de sucata de ouro acompanhava o metal, sendo verificado pela PF que se trataria de um documento falso.
Os indícios, constantes no inquérito policial, apontam que o grupo criminoso seria composto por venezuelanos e brasileiros que, residindo em Roraima, comprariam, ilegalmente, ouro extraído de garimpos da Venezuela e de garimpos clandestinos do Estado. Com o auxílio de alguns servidores públicos que integrariam a organização criminosa e receberiam propinas, tentariam dar um aspecto de legalidade ao metal por meio da emissão de documentos falsos por empresas de fachada. O ouro, então, seria vendido para uma empresa especializada na recuperação de minérios, localizada no interior de São Paulo. Mesmo com os latentes indícios de irregularidades acerca da origem do minério, a empresa o receberia e venderia para o exterior.
A partir de cruzamentos realizados pela Receita Federal, que contribuiu com as investigações, suspeita-se que o grupo tenha movimentado, ao menos, 1,2 tonelada de ouro entre os anos de 2017 e 2019. Em cotação atual, o montante representa mais de R$ 230 milhões. Se o procedimento regular de importação houvesse ocorrido, a Receita estima que seriam devidos, aproximadamente, R$ 26 milhões apenas em tributos federais, desconsiderando juros e multa. Apenas no ano de 2018, a empresa que recebia o ouro em São Paulo teria exportado mais de R$ 1 bilhão em ouro e mais que triplicado seu faturamento nos últimos 3 anos.
A empresa suspeita também compraria o metal precioso de outro grupo, baseado no Amapá, alvo da Operação Ouro Perdido da PF, contra a venda de ouro extraído ilegalmente e que foi iniciada em junho deste ano.
Um dos alvos da Operação Hespérides possui ordem de prisão em aberto expedida pela Justiça da República Dominicana por tráfico de drogas e lavagem de capitais e consta em lista de difusão vermelha da Interpol.
As investigações identificaram que os servidores públicos envolvidos ajudariam o grupo com consultorias para o resgate de ouro apreendido, elaboração de pareceres favoráveis aos interesses dos suspeitos e com a facilitação de desembaraços legais diversos, como o atesto de remessas de ouro à empresa em São Paulo.
Os principais crimes investigados são participação em organização criminosa, contrabando, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, receptação e os crimes de falsidade ideológica e de documento público. Se condenados, os líderes do esquema podem ter penas que ultrapassam 50 anos de prisão.
O nome da operação faz referência às Hespérides que, segundo a mitologia grega, seriam as responsáveis por cuidar do pomar onde a deusa Hera cultivava macieiras que davam frutos de ouro. Entretanto, elas passaram a consumir os frutos que deveriam guardar, sendo necessário que Hera adicionasse à guarda um dragão eterno que nunca dormia.
(Informações da PF)
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