"Peço primeiramente perdão a Deus e que ninguém cometa meus erros. Peço perdão também às mães das crianças que abusei sexualmente e que um dia elas possam entender a fraqueza do ser humano". Este foi o desabafo de Henrique José de Araujo Silva, 54 anos, preso no último final de semana por abuso sexual contra duas crianças no Residencial Olímpico e acusado de aliciar outros menores.
Hoje, Henrique José será encaminhado ao Centro de Triagem de Pedrinhas, onde aguardará o julgamento e o resultado dos demais exames. Em conversa com O Imparcial, Henrique se diz arrependido e afirma que criança merece respeito da sociedade.
"Criança é coisa séria, não se pode desrespeitar um ser humano tão ingênuo como este. Não sei nem dizer o que eu sinto, arrependimento é pouco em uma situação dessa. Nada e ninguém vai reparar o mal que fiz a elas".
Pai de três filhos, Henrique finalizou a conversa dizendo que se alguém abusasse de um dos seus filhos ele mesmo iria providenciar a punição. "Em meus filhos ninguém mexe não, porque se mexer leva coisa ruim na cabeça".
A prisão
A polícia chegou até Henrique José depois que as mães de três vítimas foram à delegacia pedir ajuda ao delegado Valter Wanderley, com uma ocorrência registrada pelo Disque 100, no dia 1º de maio.
De acordo com as mães, as crianças temiam contar o fato porque o acusado as ameaçava de morte, dizendo ser possuído por um espírito maligno quando as abusava. De acordo com o delegado, ele praticava rituais macabros.
Após as denúncias, Valter Wanderley enviou policiais para prender Henrique em uma casa escura no meio do mato, na comunidade do Residencial Olímpico. Ele já havia sido acusado de abusar sexualmente de uma menina de sete anos no bairro Fé em Deus.
Um menino de 12 anos morava com Henrique há mais de dois anos, e a justificativa que ele dava para a comunidade do Residencial Olímpico era que o garoto era um afilhado distante vindo do interior para estudar na capital.
O delegado Valter Wanderley, responsável pelo 18ºDP, disse que o Henrique era educado com os vizinhos e afirmava para todos que tinha muito carinho pelo falso afilhado.
"Ele abusava do menino há muito tempo, mas nada comprova algum parentesco deles dois ou relação de padrinho e afilhado. Henrique veio do bairro João de Deus para morar no Residencial Olímpico já acompanhado deste garoto. Ainda não identifiquei a mãe do menor, nem de onde ele veio, mas o certo é que Henrique mantinha relações sexuais com o garoto", explicou o delegado Valter.
Segundo o delegado Valter, o medo de ser preso provocou a saída de Henrique do bairro João de Deus para o residencial, pois vizinhos já suspeitavam que ele morava com um menor e levava durante a noite para sua casa várias crianças.
"Ele já veio errado do outro bairro. Quando chegou no Residencial continuou do mesmo jeito e foi morar próximo de uma escola para facilitar a abordagem aos menores", disse Valter.
Henrique oferecia às crianças bombons, revistas em quadrinho, dinheiro e materiais escolares como lápis de cor e canetas para seduzir os menores.
"Ele gostava muito de crianças na faixa etária de cinco a 12 anos. Os meninos eram o alvo principal do estuprador", disse o delegado.
Dois exames policiais de ato libidinoso comprovaram o abuso sexual de duas crianças, uma menina de cinco anos e um garoto de 12 anos. O delegado aguarda o resultado de mais três exames de um adolescente de 17 anos, do menino que morava com Henrique, de 12 anos, e de outro garoto de 6 anos.
"Com os resultados dos dois exames, Henrique acabou confessando o abuso nos outros três menores", falou Valter.
Todas as famílias das crianças abusadas prestaram depoimento e aguardam a transferência de Henrique para Pedrinhas.
*O Imparcial
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