Blog do Marcial Lima - Voz e Vez: Muído danado: Casais ludovicenses optam cada vez mais por uniões informais

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Muído danado: Casais ludovicenses optam cada vez mais por uniões informais

Raimundo Nonato Lago já foi casado,
e também experimentou de uma união consensual


Aumentou o número de casais que vivem uniões consensuais, segundo dados do Censo 2010 divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O percentual de uniões consensuais (informal) subiu de 28,6% para 36,4% entre 2000 e 2010, sendo mais frequente nos grupos com rendimentos menores, representando 48,9% na classe com rendimento de até meio salário mínimo. Na Região Metropolitana de São Luís, a união consensual caracteriza a maioria dos relacionamentos, tendo sido a opção escolhida por 266.863 pessoas. Somente na capital, 192.888 informantes declararam ter união consensual, o que corresponde a 52% das uniões na cidade.

Em seguida, vêm os casamentos civis, que representam 23,77% das uniões conjugais da região metropolitana. Em terceiro lugar, os casamentos no civil e no religioso, com 19,95%, e, por último, os casamentos realizados somente no religioso, com 2,05% do total de uniões na Ilha.

“A principal mudança está no aumento das uniões civis, comparadas às religiosas. Isso porque até século passado o religioso servia para fins civis. Hoje não mais. As pessoas falam de romantismo do casamento, mas esta relação agora é um contrato, no âmbito civil. O fato de uma união estável de cinco anos já garantir os direitos para os cônjuges é fator desencorajador para a oficialização das uniões no religioso”, analisou o chefe da Unidade Estadual do IBGE no Maranhão, Marcelo Melo.

Para ele, curiosamente o estado não segue a tendência do Brasil, que apresenta o casamento civil e religioso como a forma predominante de união (42,94%). E, também, ultrapassa o Nordeste em percentual de casamentos somente no civil (23,24% do Maranhão, contra 19,71%, no Nordeste).

Homoafetivo - O relatório do IBGE mostra ainda que 678 pessoas se autodeclararam em uniões conjugais com pessoas do mesmo sexo, o que representa 1% do país. Dos municípios maranhenses, São Luís apresenta 261 pessoas nesse estado conjugal, aproximadamente um terço do número de uniões informadas em todo o estado. “Podemos considerar tal número como baixo, pois, dos 217 municípios do nosso estado, 177 não tiveram pessoas que se autodeclarassem com esse tipo de união. Novamente, questões socioculturais podem explicar tão baixo percentual, quando comparado ao país, já que essa informações provém da autodeclaração dos informantes”, finalizou Marcelo Melo.

Em relação aos vários estados civis existentes (casado, separado judicialmente, solteiro, entre outros), 19.640 pessoas declararam ser divorciadas. Em números absolutos, a cidade lidera o ranking de divórcios no Maranhão, mas em termos percentuais o município de Imperatriz ultrapassa a capital, tendo 2,5% de pessoas divorciadas, contra 2,28% em São Luís.

Ainda de acordo com o relatório, o Maranhão foi o estado da federação que apresentou a menor participação (1,2%) de divorciados. “A não formalização do novo estado civil por parte dos casais, quando de sua separação afetiva, se deve, provavelmente, às dificuldades de cunho burocrático, e/ou aos custos envolvidos no processo”, explicou o chefe da Unidade Estadual do IBGE no Maranhão.

Segundo ele, o resultado não reflete a realidade completa porque existe um grande problema de serventia de dados por parte de cartórios em São Luís e outros municípios do estado. Os dados do Censo foram obtidos por meio da declaração dos informantes, quando, por lei, os cartórios deveriam passar esses números trimestralmente ao IBGE. “De qualquer forma, percebe-se que o divórcio é uma tendência também apresentada nos demais estados das regiões Norte e Nordeste, o que pode também ser creditado a questões sócio-culturais específicas das populações das respectivas regiões”, completou Marcelo Melo.

O relatório mostra também que existem na capital 11.265 pessoas desquitadas ou separadas judicialmente. Considera-se que a faixa etária na qual predominam as pessoas divorciadas está entre 40 e 49 anos, o que representa 36% do total de pessoas nessa condição. Essa também é a faixa na qual predominam as pessoas desquitadas ou separadas judicialmente, representando 21% do total.


O motorista e mecânico Raimundo Nonato Lago, de 55 anos, faz parte desse grupo. Ele foi casado por 16 anos e, depois de sentir um desgaste no relacionamento, optou pelo divórcio. “Foi algo rápido, porque tanto ela quanto eu desejávamos isso. Mas não é sempre assim que acontece”, contou. Anos depois, o motorista conheceu outra pessoa e optou, desta vez, por constituir uma união consensual, para não ter problemas com documentação. Ficaram juntos seis  anos e se separaram.